quinta-feira, 13 de novembro de 2014

terça-feira, 1 de abril de 2014

"O VELHO DA MONTANHA" " E O "NINHO DA ÁGUIA", TEMPLÁRIOS(OS CAVALEIROS SUICIDAS) - PARTE IV.

Entre eles estavam os mais fanáticos, pertencentes a uma ordem religiosa criada na Palestina dez anos antes, a Ordem dos Templários. 




Buri, que ao chegar ao poder era considerado fraco e titubeante, conseguiu derrotar por duas vezes os inimigos que ameaçavam Damasco. Primeiro os Assassinos e depois os exércitos de Baudoin II. 


Um dia chegaram a Damasco dois homens vestidos à moda turca, com capotes e solidéus pontudos. Eles diziam procurar um trabalho como mercenários, um salário fixo, e o filho de Toghtekin, temerariamente, contrata-os para sua guarda pessoal. Em 1131, numa manhã quando o emir volta de seu hamam para o palácio, os dois homens pulam sobre ele e o ferem no ventre. Antes de serem executados confessam que o senhor da fortaleza de Alamut enviou-os para vingar seus irmãos que tinham sido exterminados.

Os cuidados médicos que se poderia obter em Damasco na época eram os melhores do mundo. Dukak havia fundado um hospital, um maristan; um segundo foi construído em 1154. O viajante Ibn Jobair, que os visitou alguns anos mais tarde escreveu sobre seu funcionamento:

“Cada hospital tem administradores que organizam registros onde estão inscritos os nomes dos doentes, as despesas necessárias aos seus cuidados e sua alimentação, assim como diversas outras informações. Os médicos vão lá a cada manhã, examinam os doentes e ordenam a preparação de remédios e alimentos que possam curá-los, segundo o que convém a cada individuo”.

Após a visita da junta de médicos e sua intervenção na ferida provocada no emir, Buri se sentiu melhor, insistiu em montar a cavalo e, manteve sua rotina normal recebendo os amigos para conversar e beber. Os excessos lhe foram fatais, sua ferida sangra. Ele morreu em junho de 1132, após treze meses de sofrimentos atrozes. Os Assassinos mais uma vez cumpriram sua sina.

Em agosto de 1157 um violento tremor de terra abala a Síria, particularmente em Chayzar uma das cidades que mais sofreram com o sismo toda a família do emir morreu soterrado no palácio juntamente com sua familia, dando quase um fim a sua estirpe e matando a maioria dos dignatários da cidade que se encontravam lá para a festa de circuncisão do filho do monarca. O emirado dos muquiditas simplesmente deixou de existir. Será a oportunidade para vários grupos armados saquearem as cidades que tiveram suas muralhas desmoronadas. Chayzar será imediatamente atacada pelos Assassinos e depois pelos francos, antes de ser retomada pelo exército de Alepo. A relação estreita entre a seita e os invasores corria sem maiores problemas. 

A queda definitiva do califado xiíta no Egito em 1771, após dois séculos de um reinado glorioso, atinge em cheio as aspirações dos Assassinos que desde o tempo de Hassan as-Sabbah ainda esperavam a restauração do poder fatímida no Egito para inaugurar uma nova era de ouro do ismailismo. Vendo que seus sonhos se dissipavam para sempre, seus adeptos buscaram traçar uma nova estratégia e seu chefe na Síria, Rachideddin Sinan, “o velho da montanha”, envia uma mensagem à Amaury, rei dos francos em Jerusalém, para anunciar que ele e seus partidários estão prontos para converterem-se em massa ao cristianismo. Nesta época, os Assassinos possuiam ainda várias fortalezas e aldeias na Síria central, onde levavam uma vida relativamente pacifica. Há anos renunciaram às operações espetaculares e buscavam a discrição de sua seita entre os comuns. Rachideddin ainda dispõe de seus sicários perfeitamente treinados, assim como pregadores devotados de sua cisma, mas muitos adeptos da seita se transformaram em camponeses insuspeitos. São eles obrigados a pagar um tributo regular à Ordem dos Templários, com quem tinham estreitas relações.    



 Prometendo a conversão ao rei cristão, os batinis pretendiam se isentar do dízimo cobrado pelos Templários, que só era exigido aos não cristãos. Os Cavaleiros de Cristo, que não dirigiam descuidadamente seus negócios, seguiram com preocupação esses contatos entre Amaury e os Assassinos. Assim que o acordo estava prestes a ser concluído, eles decidiram interceder de forma decisiva para mudar o rumo dos acontecimentos. Ao retornar de uma entrevista com o rei, num dia de 1173, os enviados de Rachideddin foram emboscados e massacrados pelos Templários. Desde aquele dia não se falou mais em conversão dos Assassinos.

Com a ascensão de Saladino ao poder no Egito e sua tentativa de dominar Alepo, em 1174 ele se propõe a ser o “protetor” de as-Saleh, sucessor de Nureddin no trono daquela importante metrópole e que era na época um jovem adolescente. Em dezembro de 1174 ele sitia a cidade “para proteger o rei as-Saleh da influência nefasta de seus conselheiros”, mas desiste da empreitada pela forte resistência da população insuflada pelo jovem rei. 

Para tentar acabar com esta ameaça permanente, os conselheiros do rei decidiram recorrer aos serviços dos Assassinos. Entraram em contato com Rachideddin Sinan, que imediatamente aceitou o encargo. Foi Saladino o coveiro da dinastia fatímida no Egito e “o velho da montanha” não perderia esta oportunidade caída dos céus de cumprir com sua vingança. O primeiro atentado ocorreu no início de 1175; Assassinos penetraram em seu acampamento, e ao se aproximarem de sua tenda um emir lhes reconheceu a intenção e barra a sua entrada sendo gravemente ferido. Os guardas acorreram e depois de um combate encarniçado, os batini foram finalmente massacrados. Uma segunda tentativa ocorre em 22 de maio de 1176, quando Saladino novamente em campanha na região de Alepo recebeu uma visita inesperada. Um Assassino invade sua tenda e lhe vibra violenta punhalada na cabeça. O sultão, que era homem precavido, estava de sobreaviso desde o ultimo atentado e usava uma touca de malhas debaixo do seu barrete turco. O matador se atira ao pescoço da vitima. Mas ainda ali havia uma proteção. Saladino traz uma longa túnica de tecido espesso cuja gola é reforçada por malhas. Um de seus emires chega então, agarra o punhal com uma mão e com a outra castiga o batini, que caí. Mal Saladino se refez do primeiro ataque, um segundo matador se jogou sobre ele, depois um terceiro. Mas seus sentinelas acorreram e os assaltantes foram imediatamente massacrados. Yussef saiu aturdido da tenda, desvairado, titubeante, não acreditava estar ainda vivo.

Quando voltou a si, decidiu fazer uma campanha militar até o covil dos Assassinos, na Síria central, onde Sinan controlava uma dezena de fortalezas. A mais temível entre elas, está localizada no cimo de um monte escarpado que Saladino resolveu sitiar. Mas o que se passou nesse mês de agosto de 1176 no país dos Assassinos sem dúvida permanecerá um mistério para sempre. Uma versão, a de Ibn al-Athir, diz que Sinan enviou uma correspondência ao tio de Saladino, jurando matar todos os membros da família reinante. Vindo tal mesagem dessa parte, sobretudo após as duas tentativas que forma frustradas, a ameaça não podia ser ignorada. O cerco a Massiaf teria sido então suspenso.Mas uma segunda versão dos acontecimentos vem de um relato dos próprios Assassinos. Ela foi relatada, como propaganda dos poderes do culto, num dos raros escritos deixados por um de seus adeptos, um certo Abu-Firas. Segundo a narrativa, Sinan, que tinha se ausentado da fortaleza que foi sitiada, teria vindo espreitar com dois companheiros numa colina próxima o movimento das tropas dos sitiantes. Saladino teria então mandado seus batedores em grande número para aprisionar o mestre da seita. A tropa teria cercado Sinan, mas ao tentar se aproximar de sua presa, seus membros teriam ficado paralisados por uma força misteriosa. Diz-se que o “velho da montanha” então lhes pediu que avisassem o sultão pois queria encontrá-lo pessoalmente e em particular, e aterrorizados voltaram para contar ao seu mestre o que tinha acabado de suceder, e que Saladino, prevendo que nada de bom iria resultar disso, mandou espalhar cal e cinza para detectar qualquer movimento suspeito em volta de sua tenda. Ao cair da noite postou sentinelas com archotes para iluminar as redondezas de onde dormia. De noite acordou sobressaltado e ainda pode vislumbrar um vulto que saía da sua tenda que acreditou ser o próprio “velho da montanha”. O misterioso visitante deixou sobre o leito um bolo envenenado com uma mensagem que dizia: Estás em nosso poder. Então Saladino, até então invencível, teria deixado escapar um grito de terror e os sentinelas acorreram jurando não terem visto nada. No dia seguinte ordenou para seus homens levantar acampamento e voltou a toda pressa à Damasco desistindo para sempre de seu intento . 

"O VELHO DA MONTANHA" " E O "NINHO DA ÁGUIA", TEMPLÁRIOS(OS CAVALEIROS SUICIDAS) - PARTE III.

Após alguns anos organizando suas intrigas, ele dispunha de um serviço poderoso e eficaz e resolveu sair aos poucos da clandestinidade. Por conveniência buscou uma poderosa proteção para substituir Redwan. O vizir Tahir al-Mazdaghani, entendeu-se com Bahram, apesar de não pertencer à seita, veio em seu socorro para auxiliar na conspiração assassina.

Mesmo com a morte de Hassan as-Shabab, na sua fortaleza em Alamut, em 1124, a atividade dos seus adeptos cresceu. O assassinato de Ibn al-Khachab não foi um fato isolado. Um ano antes desta morte, outro importante líder da resistência contra os francos, o cádi dos cádis de Bagdá, esplendor do Islã, Abu Saad al-Harawi, foi atacado por batinis na Grande Mesquita de Hamadhan. Eles o mataram a punhaladas, depois escaparam, sem deixar indícios ou rastros, e sem que ninguém fosse em sua perseguição, tão grande era o terror que espalhavam entre o povo. O crime causou revolta em Damasco entre os fiéis, onde al-Harawi viveu muitos anos. Entre os cléricos a hostilidade contra os Assassinos cresceu. Os melhores entre os crentes temiam se manifestar tal era o grau do perigo. Os batinis passaram a eliminar quem lhes opunham e apoiar quem aprovava seus desmandos. Ninguém mais ousava censurá-los em público, nem emir, nem vizir, nem sultão!
  Em 26 de novembro de 1126, al-Borsoki, o poderoso senhor de Alepo e Mossul sofre com a terrível vingança dos Assassinos.

Conta Ibn al-Qalanissi: “E no entanto o emir estava vigilante. Ele trazia uma armadura de malhas onde não podia penetrar a lâmina do punhal nem a ponta do sabre e cercava-se de soldados armados até os dentes. Mas o cumprimento do destino não pode ser evitado. Al-Borsoki fora, como de hábito, à Grande Mesquita de Mossul, para cumprir sua obrigação de sexta-feira. Os fascínoras lá estavam vestidos à maneira dos sufis, rezando num canto sem despertar nenhuma suspeita. Repentinamente pularam sobre ele e lhe deram vários golpes sem conseguir furar sua cota de malhas. Quando os batinis viram que os punhais não tinham efeito sobre o emir, um deles gritou: ‘Golpeiem em cima, na cabeça!’. Com seus golpes, eles o atingiram na garganta e feriram-na rasgando-lhe o pescoço. Al-Borsoki morreu como um mártir e seus assassinos foram executados”.

A ameaça do terror corroia as estruturas do mundo islâmico num momento em que este necessitava toda a sua energia para fazer frente aos invasores do Ocidente. Logo após a morte de Al-Borsoki, seu filho assume o poder e é também assassinado. Em Alepo, quatro emires disputam o controle da cidade e Ibn al-Khachab não mais existe para manter a coesão do estado. No outono de 1127, enquanto a anarquia imperava na cidade, os francos postam suas forças em volta das muralhas. Em Antioquia reinava o jovem filho de Bohémond, um gigante louro que chegou de sua terra para reivindicar as posses conquistadas pelo pai. Ele tinha o mesmo nome que o pai e principalmente o mesmo caráter bárbaro do antecessor. Os alepinos pagaram tributo para evitar o pior e os mais derrotistas já imaginavam que mais cedo ou mais tarde ele acabaria virando o seu futuro soberano.

Em Damasco a situação não era melhor. O velho e doente atabeg Toghtekin não exercia controle algum sobre os Assasssinos. Eles criaram milícias armadas, a administração do reino estava em suas mãos, o vizir Mazdhagani era um adepto da seita devotado de corpo e alma, mantinha estreitos contatos com os inimigos do Islã em Jerusalém. Da parte dos invasores francos, Baudoin II não mais escondia seu interesse de coroar sua carreira de conquistador com a tomada de Damasco. Sómente a presença do velho Toghtekin ainda impedia que os Assassinos entregassem a cidade aos francos. O tempo estava se escoando rapidamente para os damascenos. No início de 1128, o velho atabeg já era uma sombra do homem que tinha sido, emagreceu a olhos vistos e não mais conseguia se levantar. Em volta de seu leito as intrigas corriam soltas. Seu filho Buri foi designado como seu sucessor. O corpo cansado do atabeg foi sepultado em 12 de fevereiro. Para os habitantes da cidade a queda de Damasco era apenas uma questão de tempo.

Para Ibn al-Athir não se tratava de uma mera disputa pelo poder, mas de salvar a metrópole síria das mãos dos invasores. “Al-Mazdhagani escrevera aos francos para propor entregar-lhes Damasco se eles aceitassem ceder-lhe em troca a cidade de Tiro. O acordo estava concluído. Haviam até combinado um dia, uma sexta-feira”. O plano seria coordenado a partir da chegada inesperada das tropas de Baudoin II aos pés das muralhas de Damasco. As portas da cidade estariam abertas e sob controle de Assassinos armados, enquanto outros comandos estariam encarregados de guardar os acessos à Grande Mesquita para impedir que os dignatários e comandantes militares pudessem sair até sua completa ocupação pelos francos. A razão dessa traição segundo o cronista seria motivada pelo sentimento de insegurança crescente dos batinis em Damasco. Os Assassinos e seu aliado al-Mazdaghani sentiam-se ameaçados e hostilizados pelos seus residentes e pelos aliados de Buri, o sucessor do atabeg. Também conheciam as idéias dos francos em dominar a cidade a todo o custo. Preferiram com a troca colocar seus adeptos em condições de a partir do porto de Tiro enviar seus pregadores e matadores para o Egito fatímida, seu objetivo inicial estabelecido por Hassan as-Sabbah.

Lembrando um século depois estes acontecimentos Ibn al-Athir escreveu:

“Com a morte de Toghtekin desaparecia o ultimo homem capaz de enfrentar os franj. Estes pareciam então em condições de ocupar a Síria toda. Mas Deus, na sua infinita bondade, teve piedade dos muçulmanos”.

“O vizir al-Mazdaghani se apresentou, como fazia diariamente, no salão das rosas, no palácio da cidadela, em Damasco”. Contou Ibn al-Qalanissi. “Estavam lá todos os emires e chefes militares. A assembléia tratou de vários assuntos. O senhor da cidade, Buri, filho de Toghtekin, trocou pontos de vista com os presentes, depois cada um se levantou para voltar para sua casa. Segundo o costume, o vizir devia partir após todos os outros. Quando ele se pôs de pé, Buri fez um sinal para um de seus companheiros e este golpeou al-Mazdhagani várias vezes com o sabre na cabeça. Depois ele foi decapitado e seu corpo foi levado em dois pedaços até a porta de ferro, para que todo mundo pudesse ver o que Deus faz com aqueles que se valeram da falsidade”. 

Logo a notícia se espalhou pelo mercado, em seguida uma caçada teve começo. Imensa multidão erguendo espadas e punhais se espalha pelas ruas da cidade. Todos os batinis, seus parentes, amigos, assim como os suspeitos de terem simpatias por eles foram perseguidos em suas casas e sem piedade foram degolados. Seus mestres foram crucificados nas ameias das muralhas. Vários membros da família de Ibn al-Qalanissi tomaram parte ativa nos acontecimentos. Pode-se imaginar que este cronista com 57 anos na época e que ocupava uma alta posição no estado, junto com a população, talvez tenha feito parte no justiciamento. Seu tom iria revelar muito quanto ao seu estado de espírito: “De manhã, as praças estavam livres dos batinis e os cães uivantes disputavam seus cadáveres”. 
Os acontecimentos posteriores deram crédito à tese da conspiração da seita. Seus poucos sobreviventes ao massacre em Damasco buscaram refúgio na Palestina, e proteção junto a Baudoin II, recebendo dele Banias, uma poderosa fortaleza situada ao pé do monte Hermon e que controlava a estrada que ligava Jerusalém a Damasco. Algumas semanas mais tarde, um poderoso exército franco marchou em direção à metrópole síria. Reúnia cerca de 10 mil cavaleiros e infantes, vindos não só da Palestina, mas também de Antióquia, Edessa, Trípoli, assim como reforços oriundos de Europa e que proclamavam bem alto suas intenções de tomar Damasco. 

O VELHO DA MONTANHA" " E O "NINHO DA ÁGUIA", TEMPLÁRIOS(OS CAVALEIROS SUICIDAS) - PARTE II.

A sua arma de terror preferida era o assassinato. Os membros eram enviados até seu alvo, uma personalidade escolhida para ser assassinada, individualmente ou em pequenas equipes de dois ou três conforme a importância da missão. Geralmente, eles aproximavam-se da sua vítima em número de três. Se por acaso dois punhais fracassem, haveria ainda um terceiro a completar o serviço. Atuavam em qualquer lugar - nos mercados, nas ruas estreitas, dentro dos palácios Eles geralmente se disfarçavam de mendigos, mercadores ou ascetas em peregrinação, circulavam insuspeitos na cidade onde morava a vitima e buscavam conhecer seus hábitos para planejar de forma adequada e eficiente o atentado. A ação planejada em segredo era sempre executada em público, diante do maior número possível de pessoas. Por esta razão a mesquita quase sempre era o local escolhido e o dia preferido era a sexta-feira, geralmente ao meio dia. Para Hassan, o homicídio não serve apenas para livrar-se de um adversário, mas também é um instrumento político valioso, uma dupla lição ao público, do castigo de quem é morto e do sacrifício resignado do executante, denominado “fedai”, isto é, “Comando Suicida”, porque quase sempre ele era morto após a ação.Alguns estudiosos afirmam que o termo Assassinos viria de "Assass" – o seja, "os fundamentos" da fé islâmica. Mas muitas são as versões sobre essa nomenclatura, como nome da seita teria dado origem a palavra "assassino" e outras derivações semelhantes em várias línguas européias. Desde Marco Polo que se acredita que o termo provém de "haxixe" ou que o nome da erva haxixe tem origem no de "haschichiyun", que significa "fumador de haxixe". Algumas fontes cristãs medievais relatavam que os Assassinos teriam por hábito consumir esta substância antes de perpetuarem os seus ataques, induzindo-lhes a visão beatifica do Paraíso. Contudo, as fontes ismailitas não fazem referência a qualquer prática deste tipo, sendo esta lenda resultado de relatos de Marco Polo e de outros viajantes europeus no Médio Oriente. Nada se sabe com certeza a respeito, pois suas práticas secretas foram fielmente mantidas pelos seus adeptos ficando difícil distinguir o fato da lenda ou foram destruídas pelos seus inimigos.Ele induzia seus adeptos a uma visão das miríades do paraíso através das drogas e de encenações sobre os mistérios ocultos do Islã para encorajá-los ao martírio com se fazia em Eleusis nos cultos de iniciação gregas? Usava de produtos hipnóticos para mantê-los sob seu poder? Dava-lhes um excitante para que melhor cometessem o ato? Ou mais que tudo tinha fé no seu treinamento e doutrinação para atingir seus objetivos? Talvez contasse com todos esses elementos para angariar a fidelidade absoluta dos comandados. Até hoje ficaram em aberto estas questões, mas que tornaram Hassan uma figura poderosa, enigmática e imortal.Seu sucesso fulminante, já em 1092, só dois anos após a fundação da seita e no auge do poder Seldjúcida, foi por si só uma epopéia. O pilar do renascimento do poder sunita, o turco que organizou durante trinta anos o Estado em expansão, é um velho vizir e seu nome já evoca sua obra: Nizam el-Muk, a “ordem do reino”. A 14 de outubro de 1092, ele é apunhalado por um adepto da seita. Quando Nizam El-Muk foi apunhalado, o estado se desintegrou, o império seldjúcida nunca mais encontrou sua unidade. Sua história não foi mais de conquistas territoriais, intermináveis guerras de sucessão minaram o ímpeto dos invasores turcos. No Cairo seus antigos companheiros tinham o caminho aberto para derrotar os inimigos. Era a vez de Nizar demonstrar seu valor. Mas lá a insurreição fracassa. Al-Afdal, o herdeiro assume o poder no lugar do velho vizir morto em 1094 e esmaga os aliados de Nizar, que acabou emparedado vivo.Hassan se viu perante uma situação imprevista. Ele não renunciou aos seus objetivos de restaurar o califado xiíta, mas compreendeu que deveria esperar uma nova oportunidade para atingir seus objetivos. Com os acontecimentos decidiu mudar sua estratégia enquanto estabelecia novas células para solapar o Islã oficial e aniquilar seus representantes religiosos e políticos. Seu esforço concentrou-se em estabelecer um espaço autônomo para seus movimentos. Na época o melhor lugar para atingir seu intento era a Síria fragmentada em vários estados minúsculos e cheios de rivalidades entre eles. Bastou infiltrar seus adeptos nas diversas cidades e promover as disputas, jogando uma cidade contra a outra, um emir contra o irmão, para sobreviver enfraquecendo aos poucos o inimigo até o dia que o califado fatímida xiíta pudesse assumir novamente sua posição de poder.
Hassan despachou para a Síria um pregador persa, uma figura enigmática, um médico astrólogo que se instalou em Alepo e conseguiu a confiança de Redwan. Os adeptos chegaram em massa secretamente, pregando sua doutrina e criando novas células. Para conservar sua liberdade de ação prestaram pequenos favores ao rei seldjúcida, mataram alguns de seus adversários abrindo caminho para aumentar ainda mais seu poder. Quando morreu o médico astrólogo em 1103, a seita, sem demora, instituiu um novo conselheiro persa para Redwan, Abu Taher, o ourives. Rapidamente sua influencia ultrapassou seu antecessor. Redwan ficou sobre seu total controle e segundo se conta qualquer favor do rei precisava da aquiescência de um seguidor da seita infiltrado na corte.

Exatamente em razão do seu poder eram odiados pela população. Ibn al-Khachab, em particular, exigia sem parar que se pusesse fim a suas atividades. Ele os acusava de tráfico de influência e terem simpatias pelos francos invasores, no que tinha razão. Quando da chegada dos francos, a seita estava começando a infiltrar-se na Síria, eram chamados batinis, “os que aderem a uma crença diferente daquela que adotam em público”.Um nome que insinuava que eram muçulmanos apenas na aparência. Os xiítas não nutriam simpatias nenhuma pelos Assassinos, pela sua ruptura com o califado fatímida que ainda permanecia apesar de enfraquecido, como o protetor titular dos xiitas no mundo árabe.Detestados e perseguidos por todos os muçulmanos, os Assassinos viram na chegada dos francos que derrotaram vários exércitos seldjúcidas e a al-Afdal, assassino de Nizar uma nova oportunidade de atingir seus objetivos. Esta era a razão da relutância de Redwan em enfrentar os inimigos francos. Os conselhos que recebia dos batinis influenciavam suas decisões.Aos olhos de Ibn al-Khachab, a conivência entre os Assassinos e os francos valia por uma traição. Ele agiu com presteza. Quando ocorreram os massacres que se seguiram a morte de Redwan, em 1113, os batinis foram perseguidos de rua em rua, de casa em casa. Alguns foram linchados pela multidão, outros foram jogados de cima das muralhas. Cerca de duzentos membros da seita morreram assim, inclusive Abu Taher, o ourives. Entretanto muitos escaparam para junto dos francos ou dispersaram-se pelo país. Apesar de Ibn al-Khachab ter expulsado os Assassinos de seu principal baluarte na Síria, sua trajetória mortal recém havia começado. Tirando as lições de seu fracasso suas táticas mudaram. O novo enviado de Hassan na Síria, um propagador de idéias de origem persa chamado Bahram, decidiu trabalhar na surdina e evitar qualquer ação espetacular que chamasse a atenção sobre a seita e voltou-se novamente para um trabalho detalhado e eficiente de infiltração e organização.Bahram, segundo contam os cronistas da época, “vivia no maior segredo e em retiro absoluto, trocava de roupas e de trajes, se bem que circulava nas cidades e praças fortes sem que ninguém suspeitasse de sua identidade”.  

"O VELHO DA MONTANHA" " E O "NINHO DA ÁGUIA", TEMPLÁRIOS(OS CAVALEIROS SUICIDAS) - PARTE I.

 شيخ الجبل

Hassan bin Sabbah Homairi era filho de uma poderosa família iraniana de Qom – centro de propagação do ismailismo. Se intitulava a sétima encarnação do Imam Ismael, o chamado "Sétimo profeta" depois de Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Maomé.

A partir de 1079 passou a viver no Egito (Cairo) onde estudou e aperfeiçoou seu conhecimento do Corão, descobriu o Antigo e o Novo Testamentos, além dos textos vedas hindus – conhecidos desde as invasões de Alexandre, o Grande. Bin Sabbah promoveu a reunião dessas religiões, misturando ainda o zoroastrismo e acrescentando, nesta síntese, um pouco de neoplatonismo.

Durante a sua permanência no Cairo, Hassan relacionou-se com Nizar, filho do califa da dinastia fatímida, al-Mustansir, até que Nizar foi afastado da sucessão pelo vizir al-Afdal. Talvez esteja aí a origem do ódio de Hassan à dinastia fatímida. Foi em torno do nome de Nizar que ele reuniu os seus primeiros seguidores os nizaritas. 
As origens da dinastia fatímida situa-se no ismailismo, uma corrente do islão xiita que considera Ismail como o sétimo imam. Os membros da dinastia fatímida alegavam ser descendentes de Fátima (filha do profeta Maomé) e do seu marido Ali ibn Abi Talib, o que explica a designação de Fatímidas. Enquanto xiitas opunham-se ao califado sunita dos Abássidas (750-1258).
A dinastia foi fundada por Ubayd Allah al-Mahdi no século X. Ubayd Allah vivia na cidade síria de Salamiyya, um dos centros a partir dos quais os ismailitas enviavam os seus missionários para os vários pontos do mundo islâmico, com objectivos não só religiosos, mas igualmente políticos. Ubayd Allah decidiu deixar esta cidade por motivos obscuros, acabando por se fixar no norte de África, onde um dos seus missionários, Abu Abdallah, tinha alcançado bons resultados no seu trabalho junto dos berberes da tribo dos Kotama, ao mesmo tempo que procurava debilitar o poder da dinastia local, os aglábidas.
Abu Abdallah tomou Rakkada, a capital dos aglábidas no ano de 909. Em janeiro de 910 Ubayd Allah chegou à cidade, onde tomou os títulos de Mahdi e Amir al-Mu'minin. Rapidamente a dinastia passa a controlar o Magrebe. Em 921 Ubayd Allah fixa-se numa nova cidade, al-Mahdiyah ("a cidade do Mahdi"), situada na costa leste da Tunísia, a sul de Sousse. A partir desta cidade Ubayd pretendia conquistar o Egipto, mas as três expedições militares lideradas pelo seu filho revelaram-se um fracasso.
O poder fatímida herdou dos aglábidas a ilha da Sicília, cujo domínio se revelou difícil. A população local rejeitou dois governadores fatímidas, dado que tinham eleito um governador próprio, Ibn Kurhub, partidário dos abássidas, que fez guerra aos fatímidas. Quando a Sícília foi derrotada, a população local decidiu livrar-se do governador e aceitou o novo governador enviado por Ubayd Allah. 
Das várias e dramáticas facções ismaelitas, as mais famosas foram a dos fatímidas do Egito, a dos ismaelitas hindus e a dos ismaelitas reformados de Alamut – chefiada por Hassan. 
A destruição da biblioteca de Alamut pelos mongóis dizimou suas fontes primeiras. Parte da memória de Hassan i Sabbah foi encontrada entre os ismaelitas da Índia. O pouco que se sabe sobre a sua vida é contado pelo historiador árabe mongolizado, Ala-Ed Din D'joueïny, que teve a oportunidade de estudar durante um ano, com a permissão do khan Hulagu, a biblioteca de Hassan em Alamut. Dos textos encontrados na Índia, a narrativa da fuga de Isfahan, onde Hassan teria tido uma visão de Zaratustra que o encaminhou para o norte, ao encontro de seus iniciadores – membros de uma seita secreta, "numa caverna de uma alta montanha", para receber a iniciação pelo senhor da montanha. A tradução do texto encontrado na Índia, por W. Ivanov, é de "Jean Claude Frère, L'Ordre des assassins, caps. I e II, pp. 15 a 78)". O texto revela uma mistura de elementos zoroastrianos, cristãos e islâmicos. Hassan teria, então, recebido dos iniciadores a missão de "libertar a raça ariana e fundar um novo império, tendo por base a nova religião.". No Cairo, Hassan completou sua iniciação na famosa "Casa das Ciências" do Islamismo.Suas andanças, após ser expulso da Pérsia pelos turcos seljúcidas – adeptos da ortodoxia sunita, o levaram a muitos fiéis, dispostos a obedecê-lo cegamente até mesmo com o sacrifício da própria vida: a Ordem dos Assassinos, uma ramificação do ismaelismo no Irã, na Síria e no Iraque. Na hierarquia da seita os iassek estavam no patamar mais baixo - a massa dos fiéis. Depois deles, os mujib - dependendo de sua aptidões poderiam se tornar fedayin, os que se sacrificam. Os denominados de rafik eram treinados para comandar fortalezas e dirigir a organização. Os da'ieram os missionários. Por último, no topo da pirâmide, estava o grande senhor: Hassan. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Ordem de Assassinos foi uma seita fundada no século XI por Hassan ibn Sabbah, conhecido como o velho da montanha. Seu fundador criou a seita com o objetivo de difundir uma nova corrente do ismaelismo, que ele mesmo havia criado. Sua sede era uma fortaleza situada na região de Alamut, no Irão. 
A fama do grupo se alastrou até o mundo cristão, que ficou surpreso com a fidelidade de seus membros, mais até que com sua ferocidade. Seu líder possuía cerca de 60 mil seguidores, segundo alguns relatos da época especulavam. 

Para Bernard Lewis, autor de Os Assassinos, haveria um evidente paralelo entre essa seita e o comportamento extremista islâmico, assim como o ataque suicida como demonstração de fé.
O ismaelismo é uma das correntes do esoterismo islâmico, que se enquadra no Islão Xiita. 

Continuando a nossa saga pelas primeiras cruzadas e a Origem das Ordens de Cavalaria, precisaremos fazer um texto curto, porém importante sobre uma das ordens mais amedrontadoras do começo das cruzadas: os Assassinos. Sim, o termo “assassinato” foi inventado por causa deles.  Estamos falando da Seita dos Hashashins, ou os fumadores de Haxixe do monte Alamut (que significa “Ninho da Águia”). 

Guerreiros cujas habilidades foram comparadas às dos famosos ninja orientais, estes enigmáticos personagens tornaram-se um ponto de interrogação dentro das batalhas na região de Jerusalém, ora movimentando a balança na direção dos cristãos, ora pendendo para os muçulmanos. 

Os Pobres Cavaleiros do Templo de Salomão – Os geralmente hostis e reservados Cavaleiros Templários sempre tiveram uma relação ambígua com o resto do Coro Celestial; de um lado, os Templários são considerados a “tropa de choque” do Coro, convocados apenas nas situações mais graves (tanto pelas suas artes de guerra devastadoras quanto pelo fato que muitas vezes não sobra nada no local do ataque, nem mesmo os Coristas), por outro lado eles ainda sofrem de desconfiança por suas ligações há 500 anos com a Cabala do Pensamento Puro (que se tornaria a ONM). 

Da parte dos Templários, eles sentem dificuldades em lidar com Coristas não cristãos (apesar do respeito mútuo pela Sociedade da Cimitarra) e mais ainda com os magos das outras 

Tradições. Mesmo assim, esse grupo, que gerou mais controvérsias, rumores e conspirações do que todas as outras ordens guardiãs, permaneceu no Coro, numa relação tensa, mas que nos últimos anos vem gradualmente melhorando, com esforços diplomáticos dos membros progressistas do Coro em trazer seus irmãos Templários para o convívio entre os Coristas e quem sabe, entre os das outras Tradições. _~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Ibn al-Kachab salvou Alepo em 1125 da dominação franca e foi responsável, mais que qualquer outro, para preparar o caminho de resistência contra a dominação imposta pelo ocidente. No entanto o cádi não viu seus esforços alcançarem resultados. Num dia de verão de 1125 quando saía da Grande Mesquita de Alepo, após a oração da tarde, um homem fingindo-se de asceta pula sobre ele e enfia-lhe um punhal no peito. É a vingança dos Assassinos. Ibn al-Khachab fora inimigo mortal da seita, derramara o sangue dos seus seguidores sem piedade ou arrependimento. Não ignorava que mais cedo ou mais tarde seria colhido por um seguidor e pagaria com a própria vida. Há um terço de século, nenhum inimigo deles conseguiu escapar com vida.

Quando nasceu Hassan, a doutrina xiita, a qual pertence, era dominante na Ásia islâmica. A Síria pertencia aos fatímidas do Egito, e a dos buaiídas, também xiíta dominava a Pérsia e influía diretamente na política e na lei em pleno coração de Bagdá junto ao califa abássida. Mas durante a juventude de Hassan, a situação inverteu-se completamente. Os seldjúcidas turcos, defensores da ortodoxia sunita, se abateram sobre o império árabe e estabeleceram a primazia de sua visão do Islã e o xiísmo passa a ser apenas tolerado e às vezes perseguido pelos sunitas dominantes.

Os Ismailitas, seita muçulmana que surgiu entre os xiítas no século IX, esperavam a vinda de um Messias, o Mahdi, que estabeleceria um reinado de justiça sobre a terra e pessoalmente vingaria os crentes contra os opressores da estirpe de Ali. Também possuíam uma visão teológica e esotérica própria derivada da cabala judaica ou do neopitagorismo: sustentavam que Deus havia criado o Universo através de uma de divindade emanente, que denominavam Razão Universal, que por sua vez deu origem a Alma Universal, geradora da Matéria primeira, do Espaço e do Tempo. Estes cinco princípios divinos, atuando em conjunto, teriam sido a origem do Universo. A causa final do homem era voltar a sua fonte primordial para atingir a união perfeita com a Razão Universal. Para facilitar este Caminho acreditavam que a Razão Universal e a Alma Universal haviam encarnado entre os homens e as encarnações mais recentes seriam os imanes descendentes de Ali, criador do xiísmo. 

Estas idéias que no futuro iriam influenciar as seitas secretas esotéricas européias foram sistematizadas por Abdallah ibn Maimun, persa natural do Khuzistão. Segundo ele afirmava, desde o principio do mundo teria havido seis períodos religiosos, caracterizado cada um deles por uma encarnação da Razão Universal, acompanhada por um profeta: Adão e Set, Noé e Sem, Abrão e Ismael, Moisés e Aarão, Jesus e Pedro, Maomé e Ali. A religião derradeira e mais perfeita era a do Imã Ismail, descendente direto de Maomé; e o privilégio da revelação desta religião ao mundo foi de Abdallah.
Hassan cresceu rodeado pelas disputas religiosas e insurge-se contra esta situação. Por volta de 1071 vai buscar refúgio no Egito, ultimo baluarte do xiísmo. Mas logo descobre que também lá a dinastia fatímida é ainda mais manipulada e se encontra enfraquecida. No Cairo ele aproximou-se de outros fundamentalistas descontentes que desejavam como ele reformar o califado xiíta e vingar-se do domínio seldjúcida.

Assim tomou corpo um verdadeiro movimento de resistência, tendo por chefe Nizar, o filho mais velho do califa egípcio. Tão piedoso quanto tenaz, o herdeiro do trono não tem a menor vontade de viver uma vida de prazeres nem servir de marionete nas mãos de um vizir seldjúcida. Quando seu velho pai falecer, o que não devia demorar, com a ajuda de seus aliados uma nova era de domínio xiíta deveria prosperar. Foi estabelecido um plano no qual Hassan tinha importante papel como seu artesão. O militante persa irá instalar-se no coração do império seldjúcida para preparar o terreno para Nizar impor seu poder quando assumisse o trono. 

 O sucesso de Hassan ultrapassou todas as expectativas, mas seus métodos não ortodoxos de combate são bem diferentes daqueles imaginados pelo virtuoso Nizar. Em 1090, Hassan se apossa de surpresa da fortaleza de Alamut, verdadeiro “ninho da águia”, situado na cadeia montanhosa de Elbruz, perto do mar Cáspio, em uma região quase inacessível. De seu santuário inviolável, Hassan começa a criar sua organização político-religiosa cuja eficácia mortal e espírito de disciplina servirão de exemplo nos tempos vindouros para a criação de sociedades secretas e organizações terroristas até nossos dias.

Seus adeptos, como em todas as organizações similares, quando da admissão foram classificados de acordo com suas qualidades, nível de instrução, coragem, confiabilidade, de noviços até o grau de grande mestre. Subordinados ao "Velho da Montanha" estavam os "grandes priores" que ocupavam a função de governadores provinciais, os "priores" ou missionários, os  iniciados e por fim os  fedais que não eram iniciados nos mistérios mas praticavam as missões mais perigosas e atentados. Abaixo deles estavam os noviços e os simpatizantes do povo. Eles recebiam treinamentos físicos intensos e doutrinação esotérica islâmica.  


salomão, segundo voltaire.


"Dicionário Filosófico", Voltaire: SALOMÃO

Teria sido Salomão rico como se disse? Afiançam os Paralipômenos que
o "melk" Davi, seu pai, deixou-lhe cerca de vinte milhões de nossa moeda
corrente, segundo o cálculo mais modesto. Não há tal soma de dinheiro
corrente em toda a terra e é muito difícil que Daví tivesse podido amealhar
tamanho tesouro no pequeno país da Palestina.

Salomão, segundo o terceiro livro dos Reis, tinha quarenta mil coudelarias
para os cavalos de suas carruagens. Quando mesmo cada coudelaria não
contivesse mais que dez cavalos, isso somaria apenas o número de
quatrocentos mil que, juntos a seus doze mil cavalos de sela, teria feito
quatrocentos e doze mil cavalos de batalha. É muito para um "melk" judeu
que jamais praticou a guerra. Essa magnificência não tem exemplo num país
que apenas produzia asnos e onde hoje não existe outra montaria. Mas parece
que os tempos mudaram. É verdade que um príncipe tão sábio, que tinha mil
mulheres, podia ter também quatrocentos e doze mil cavalos, quando mais
204 não fosse para levá-las a passeio ou ao longo do lago de Genezaré ou de
Sodoma, ou à torrente de Cedrão, que é um dos sítios mais deliciosos da
terra, embora, na verdade, essa torrente esteja seca durante nove meses do
ano e o terreno seja um tanto rochoso."

FREGUESIA DO ESCALHÃO.

  Em 17 de Outubro de1642 entrou em Portugal um exército espanhol comandado pelo renegado português João Soares de Alarcão, com 4500 soldados e 400 cavaleiros. As povoações por onde passaram foram mergulhadas no sofrimento, destruição e ruína. O fumo, provocado pelos incêndios das casas e haveres, era como o sinal de luto corroborado pelos gritos dos que lamentavam a morte dos seus e a destruição do fruto de uma vida de trabalho.Esta força militar prosseguiu o seu caminho destruidor pelo concelho indo quedar-se frente às paredes fortificadas da igreja de Escalhão. A população, auxiliada por um pequeno destacamento de 35 soldados, sob o comando de João da Silva Freio, preparou-se para enfrentar o inimigo. Julgando que a presa era fácil, o invasor acometeu contra o reduto defensivo. Porém os escalhonenses defenderam-se heroicamente dizimando com fogo cerrado os soldados espanhóis. No segundo assalto, protegendo-se com todo o tipo de materiais que encontravam, o inimigo atacou de novo. A igreja era o principal alvo das granadas de artilharia. As mulheres com mantas encharcadas num poço existente na igreja extinguiam os incêndios provocados pelas bombas. Com tecidos vários faziam ligaduras que usavam para socorrer os feridos. Dentro do templo os mortos e feridos atestavam a dureza do combate.Conta a tradição que um homem de nome Janeirinho, matou o capitão dos castelhanos na entrada da porta falsa. O capitão de Zamora investiu contra a porta gritando: “ Viva o capitão de Zamora”. De dentro respondeu-lhe Janeirinho: “ Viva o Janeiro com a sua porra”, ao mesmo tempo que enfiava o badalo do sino sobre a cabeça do capitão. As tropas inimigas, já bastante enfraquecidas e surpreendidas pela resistência, entraram em pânico ao verem um dos seus chefes morto. Aproveitando este momento de hesitação os portugueses saíram do templo e investiram contra os espanhóis que começaram a recuar abandonando as suas posições. Num local denominado “A Veiga dos Mortos” o inimigo parou e, reorganizando-se, tentou tomar a ofensiva, mas de nada valeu o seu esforço. Os portugueses apontaram sobre eles as peças de artilharia que capturaram e quase os dizimaram.”