terça-feira, 1 de abril de 2014

O VELHO DA MONTANHA" " E O "NINHO DA ÁGUIA", TEMPLÁRIOS(OS CAVALEIROS SUICIDAS) - PARTE II.

A sua arma de terror preferida era o assassinato. Os membros eram enviados até seu alvo, uma personalidade escolhida para ser assassinada, individualmente ou em pequenas equipes de dois ou três conforme a importância da missão. Geralmente, eles aproximavam-se da sua vítima em número de três. Se por acaso dois punhais fracassem, haveria ainda um terceiro a completar o serviço. Atuavam em qualquer lugar - nos mercados, nas ruas estreitas, dentro dos palácios Eles geralmente se disfarçavam de mendigos, mercadores ou ascetas em peregrinação, circulavam insuspeitos na cidade onde morava a vitima e buscavam conhecer seus hábitos para planejar de forma adequada e eficiente o atentado. A ação planejada em segredo era sempre executada em público, diante do maior número possível de pessoas. Por esta razão a mesquita quase sempre era o local escolhido e o dia preferido era a sexta-feira, geralmente ao meio dia. Para Hassan, o homicídio não serve apenas para livrar-se de um adversário, mas também é um instrumento político valioso, uma dupla lição ao público, do castigo de quem é morto e do sacrifício resignado do executante, denominado “fedai”, isto é, “Comando Suicida”, porque quase sempre ele era morto após a ação.Alguns estudiosos afirmam que o termo Assassinos viria de "Assass" – o seja, "os fundamentos" da fé islâmica. Mas muitas são as versões sobre essa nomenclatura, como nome da seita teria dado origem a palavra "assassino" e outras derivações semelhantes em várias línguas européias. Desde Marco Polo que se acredita que o termo provém de "haxixe" ou que o nome da erva haxixe tem origem no de "haschichiyun", que significa "fumador de haxixe". Algumas fontes cristãs medievais relatavam que os Assassinos teriam por hábito consumir esta substância antes de perpetuarem os seus ataques, induzindo-lhes a visão beatifica do Paraíso. Contudo, as fontes ismailitas não fazem referência a qualquer prática deste tipo, sendo esta lenda resultado de relatos de Marco Polo e de outros viajantes europeus no Médio Oriente. Nada se sabe com certeza a respeito, pois suas práticas secretas foram fielmente mantidas pelos seus adeptos ficando difícil distinguir o fato da lenda ou foram destruídas pelos seus inimigos.Ele induzia seus adeptos a uma visão das miríades do paraíso através das drogas e de encenações sobre os mistérios ocultos do Islã para encorajá-los ao martírio com se fazia em Eleusis nos cultos de iniciação gregas? Usava de produtos hipnóticos para mantê-los sob seu poder? Dava-lhes um excitante para que melhor cometessem o ato? Ou mais que tudo tinha fé no seu treinamento e doutrinação para atingir seus objetivos? Talvez contasse com todos esses elementos para angariar a fidelidade absoluta dos comandados. Até hoje ficaram em aberto estas questões, mas que tornaram Hassan uma figura poderosa, enigmática e imortal.Seu sucesso fulminante, já em 1092, só dois anos após a fundação da seita e no auge do poder Seldjúcida, foi por si só uma epopéia. O pilar do renascimento do poder sunita, o turco que organizou durante trinta anos o Estado em expansão, é um velho vizir e seu nome já evoca sua obra: Nizam el-Muk, a “ordem do reino”. A 14 de outubro de 1092, ele é apunhalado por um adepto da seita. Quando Nizam El-Muk foi apunhalado, o estado se desintegrou, o império seldjúcida nunca mais encontrou sua unidade. Sua história não foi mais de conquistas territoriais, intermináveis guerras de sucessão minaram o ímpeto dos invasores turcos. No Cairo seus antigos companheiros tinham o caminho aberto para derrotar os inimigos. Era a vez de Nizar demonstrar seu valor. Mas lá a insurreição fracassa. Al-Afdal, o herdeiro assume o poder no lugar do velho vizir morto em 1094 e esmaga os aliados de Nizar, que acabou emparedado vivo.Hassan se viu perante uma situação imprevista. Ele não renunciou aos seus objetivos de restaurar o califado xiíta, mas compreendeu que deveria esperar uma nova oportunidade para atingir seus objetivos. Com os acontecimentos decidiu mudar sua estratégia enquanto estabelecia novas células para solapar o Islã oficial e aniquilar seus representantes religiosos e políticos. Seu esforço concentrou-se em estabelecer um espaço autônomo para seus movimentos. Na época o melhor lugar para atingir seu intento era a Síria fragmentada em vários estados minúsculos e cheios de rivalidades entre eles. Bastou infiltrar seus adeptos nas diversas cidades e promover as disputas, jogando uma cidade contra a outra, um emir contra o irmão, para sobreviver enfraquecendo aos poucos o inimigo até o dia que o califado fatímida xiíta pudesse assumir novamente sua posição de poder.
Hassan despachou para a Síria um pregador persa, uma figura enigmática, um médico astrólogo que se instalou em Alepo e conseguiu a confiança de Redwan. Os adeptos chegaram em massa secretamente, pregando sua doutrina e criando novas células. Para conservar sua liberdade de ação prestaram pequenos favores ao rei seldjúcida, mataram alguns de seus adversários abrindo caminho para aumentar ainda mais seu poder. Quando morreu o médico astrólogo em 1103, a seita, sem demora, instituiu um novo conselheiro persa para Redwan, Abu Taher, o ourives. Rapidamente sua influencia ultrapassou seu antecessor. Redwan ficou sobre seu total controle e segundo se conta qualquer favor do rei precisava da aquiescência de um seguidor da seita infiltrado na corte.

Exatamente em razão do seu poder eram odiados pela população. Ibn al-Khachab, em particular, exigia sem parar que se pusesse fim a suas atividades. Ele os acusava de tráfico de influência e terem simpatias pelos francos invasores, no que tinha razão. Quando da chegada dos francos, a seita estava começando a infiltrar-se na Síria, eram chamados batinis, “os que aderem a uma crença diferente daquela que adotam em público”.Um nome que insinuava que eram muçulmanos apenas na aparência. Os xiítas não nutriam simpatias nenhuma pelos Assassinos, pela sua ruptura com o califado fatímida que ainda permanecia apesar de enfraquecido, como o protetor titular dos xiitas no mundo árabe.Detestados e perseguidos por todos os muçulmanos, os Assassinos viram na chegada dos francos que derrotaram vários exércitos seldjúcidas e a al-Afdal, assassino de Nizar uma nova oportunidade de atingir seus objetivos. Esta era a razão da relutância de Redwan em enfrentar os inimigos francos. Os conselhos que recebia dos batinis influenciavam suas decisões.Aos olhos de Ibn al-Khachab, a conivência entre os Assassinos e os francos valia por uma traição. Ele agiu com presteza. Quando ocorreram os massacres que se seguiram a morte de Redwan, em 1113, os batinis foram perseguidos de rua em rua, de casa em casa. Alguns foram linchados pela multidão, outros foram jogados de cima das muralhas. Cerca de duzentos membros da seita morreram assim, inclusive Abu Taher, o ourives. Entretanto muitos escaparam para junto dos francos ou dispersaram-se pelo país. Apesar de Ibn al-Khachab ter expulsado os Assassinos de seu principal baluarte na Síria, sua trajetória mortal recém havia começado. Tirando as lições de seu fracasso suas táticas mudaram. O novo enviado de Hassan na Síria, um propagador de idéias de origem persa chamado Bahram, decidiu trabalhar na surdina e evitar qualquer ação espetacular que chamasse a atenção sobre a seita e voltou-se novamente para um trabalho detalhado e eficiente de infiltração e organização.Bahram, segundo contam os cronistas da época, “vivia no maior segredo e em retiro absoluto, trocava de roupas e de trajes, se bem que circulava nas cidades e praças fortes sem que ninguém suspeitasse de sua identidade”.