terça-feira, 1 de abril de 2014

"O VELHO DA MONTANHA" " E O "NINHO DA ÁGUIA", TEMPLÁRIOS(OS CAVALEIROS SUICIDAS) - PARTE IV.

Entre eles estavam os mais fanáticos, pertencentes a uma ordem religiosa criada na Palestina dez anos antes, a Ordem dos Templários. 




Buri, que ao chegar ao poder era considerado fraco e titubeante, conseguiu derrotar por duas vezes os inimigos que ameaçavam Damasco. Primeiro os Assassinos e depois os exércitos de Baudoin II. 


Um dia chegaram a Damasco dois homens vestidos à moda turca, com capotes e solidéus pontudos. Eles diziam procurar um trabalho como mercenários, um salário fixo, e o filho de Toghtekin, temerariamente, contrata-os para sua guarda pessoal. Em 1131, numa manhã quando o emir volta de seu hamam para o palácio, os dois homens pulam sobre ele e o ferem no ventre. Antes de serem executados confessam que o senhor da fortaleza de Alamut enviou-os para vingar seus irmãos que tinham sido exterminados.

Os cuidados médicos que se poderia obter em Damasco na época eram os melhores do mundo. Dukak havia fundado um hospital, um maristan; um segundo foi construído em 1154. O viajante Ibn Jobair, que os visitou alguns anos mais tarde escreveu sobre seu funcionamento:

“Cada hospital tem administradores que organizam registros onde estão inscritos os nomes dos doentes, as despesas necessárias aos seus cuidados e sua alimentação, assim como diversas outras informações. Os médicos vão lá a cada manhã, examinam os doentes e ordenam a preparação de remédios e alimentos que possam curá-los, segundo o que convém a cada individuo”.

Após a visita da junta de médicos e sua intervenção na ferida provocada no emir, Buri se sentiu melhor, insistiu em montar a cavalo e, manteve sua rotina normal recebendo os amigos para conversar e beber. Os excessos lhe foram fatais, sua ferida sangra. Ele morreu em junho de 1132, após treze meses de sofrimentos atrozes. Os Assassinos mais uma vez cumpriram sua sina.

Em agosto de 1157 um violento tremor de terra abala a Síria, particularmente em Chayzar uma das cidades que mais sofreram com o sismo toda a família do emir morreu soterrado no palácio juntamente com sua familia, dando quase um fim a sua estirpe e matando a maioria dos dignatários da cidade que se encontravam lá para a festa de circuncisão do filho do monarca. O emirado dos muquiditas simplesmente deixou de existir. Será a oportunidade para vários grupos armados saquearem as cidades que tiveram suas muralhas desmoronadas. Chayzar será imediatamente atacada pelos Assassinos e depois pelos francos, antes de ser retomada pelo exército de Alepo. A relação estreita entre a seita e os invasores corria sem maiores problemas. 

A queda definitiva do califado xiíta no Egito em 1771, após dois séculos de um reinado glorioso, atinge em cheio as aspirações dos Assassinos que desde o tempo de Hassan as-Sabbah ainda esperavam a restauração do poder fatímida no Egito para inaugurar uma nova era de ouro do ismailismo. Vendo que seus sonhos se dissipavam para sempre, seus adeptos buscaram traçar uma nova estratégia e seu chefe na Síria, Rachideddin Sinan, “o velho da montanha”, envia uma mensagem à Amaury, rei dos francos em Jerusalém, para anunciar que ele e seus partidários estão prontos para converterem-se em massa ao cristianismo. Nesta época, os Assassinos possuiam ainda várias fortalezas e aldeias na Síria central, onde levavam uma vida relativamente pacifica. Há anos renunciaram às operações espetaculares e buscavam a discrição de sua seita entre os comuns. Rachideddin ainda dispõe de seus sicários perfeitamente treinados, assim como pregadores devotados de sua cisma, mas muitos adeptos da seita se transformaram em camponeses insuspeitos. São eles obrigados a pagar um tributo regular à Ordem dos Templários, com quem tinham estreitas relações.    



 Prometendo a conversão ao rei cristão, os batinis pretendiam se isentar do dízimo cobrado pelos Templários, que só era exigido aos não cristãos. Os Cavaleiros de Cristo, que não dirigiam descuidadamente seus negócios, seguiram com preocupação esses contatos entre Amaury e os Assassinos. Assim que o acordo estava prestes a ser concluído, eles decidiram interceder de forma decisiva para mudar o rumo dos acontecimentos. Ao retornar de uma entrevista com o rei, num dia de 1173, os enviados de Rachideddin foram emboscados e massacrados pelos Templários. Desde aquele dia não se falou mais em conversão dos Assassinos.

Com a ascensão de Saladino ao poder no Egito e sua tentativa de dominar Alepo, em 1174 ele se propõe a ser o “protetor” de as-Saleh, sucessor de Nureddin no trono daquela importante metrópole e que era na época um jovem adolescente. Em dezembro de 1174 ele sitia a cidade “para proteger o rei as-Saleh da influência nefasta de seus conselheiros”, mas desiste da empreitada pela forte resistência da população insuflada pelo jovem rei. 

Para tentar acabar com esta ameaça permanente, os conselheiros do rei decidiram recorrer aos serviços dos Assassinos. Entraram em contato com Rachideddin Sinan, que imediatamente aceitou o encargo. Foi Saladino o coveiro da dinastia fatímida no Egito e “o velho da montanha” não perderia esta oportunidade caída dos céus de cumprir com sua vingança. O primeiro atentado ocorreu no início de 1175; Assassinos penetraram em seu acampamento, e ao se aproximarem de sua tenda um emir lhes reconheceu a intenção e barra a sua entrada sendo gravemente ferido. Os guardas acorreram e depois de um combate encarniçado, os batini foram finalmente massacrados. Uma segunda tentativa ocorre em 22 de maio de 1176, quando Saladino novamente em campanha na região de Alepo recebeu uma visita inesperada. Um Assassino invade sua tenda e lhe vibra violenta punhalada na cabeça. O sultão, que era homem precavido, estava de sobreaviso desde o ultimo atentado e usava uma touca de malhas debaixo do seu barrete turco. O matador se atira ao pescoço da vitima. Mas ainda ali havia uma proteção. Saladino traz uma longa túnica de tecido espesso cuja gola é reforçada por malhas. Um de seus emires chega então, agarra o punhal com uma mão e com a outra castiga o batini, que caí. Mal Saladino se refez do primeiro ataque, um segundo matador se jogou sobre ele, depois um terceiro. Mas seus sentinelas acorreram e os assaltantes foram imediatamente massacrados. Yussef saiu aturdido da tenda, desvairado, titubeante, não acreditava estar ainda vivo.

Quando voltou a si, decidiu fazer uma campanha militar até o covil dos Assassinos, na Síria central, onde Sinan controlava uma dezena de fortalezas. A mais temível entre elas, está localizada no cimo de um monte escarpado que Saladino resolveu sitiar. Mas o que se passou nesse mês de agosto de 1176 no país dos Assassinos sem dúvida permanecerá um mistério para sempre. Uma versão, a de Ibn al-Athir, diz que Sinan enviou uma correspondência ao tio de Saladino, jurando matar todos os membros da família reinante. Vindo tal mesagem dessa parte, sobretudo após as duas tentativas que forma frustradas, a ameaça não podia ser ignorada. O cerco a Massiaf teria sido então suspenso.Mas uma segunda versão dos acontecimentos vem de um relato dos próprios Assassinos. Ela foi relatada, como propaganda dos poderes do culto, num dos raros escritos deixados por um de seus adeptos, um certo Abu-Firas. Segundo a narrativa, Sinan, que tinha se ausentado da fortaleza que foi sitiada, teria vindo espreitar com dois companheiros numa colina próxima o movimento das tropas dos sitiantes. Saladino teria então mandado seus batedores em grande número para aprisionar o mestre da seita. A tropa teria cercado Sinan, mas ao tentar se aproximar de sua presa, seus membros teriam ficado paralisados por uma força misteriosa. Diz-se que o “velho da montanha” então lhes pediu que avisassem o sultão pois queria encontrá-lo pessoalmente e em particular, e aterrorizados voltaram para contar ao seu mestre o que tinha acabado de suceder, e que Saladino, prevendo que nada de bom iria resultar disso, mandou espalhar cal e cinza para detectar qualquer movimento suspeito em volta de sua tenda. Ao cair da noite postou sentinelas com archotes para iluminar as redondezas de onde dormia. De noite acordou sobressaltado e ainda pode vislumbrar um vulto que saía da sua tenda que acreditou ser o próprio “velho da montanha”. O misterioso visitante deixou sobre o leito um bolo envenenado com uma mensagem que dizia: Estás em nosso poder. Então Saladino, até então invencível, teria deixado escapar um grito de terror e os sentinelas acorreram jurando não terem visto nada. No dia seguinte ordenou para seus homens levantar acampamento e voltou a toda pressa à Damasco desistindo para sempre de seu intento .