segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A BATALHA DE ALCÁCER QUIBIR

The Battle of Ksar El Kebir, also known as Battle of Three Kings, or "Battle of Oued El Makhazeen" in Morocco, and Battle of Alcácer Quibirin Portugal (variant spellings are legion: Alcácer-Quivir, Alcazarquivir, Alcassar, meaning grand castle in Arabic







                  A batalha de Alcácer Quibir e o destino de El-ReyAug 22, '06

                  3:14 PM

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            Segundo o cronista Frei Bernardo da Cruz, que acompanhou a expedição

            ao norte de África: “... El Rei, tanto que se vio livre das mãos
            daquelles pagãos, deu em andar pera detraz, e se foi sahindo do
            campo e da batalha ...”

            Neste ponto do texto, o cronista ilustra a intenção clara do monarca
            em fugir do campo de batalha, no mesmo momento em que esta decorria.
            Dom Sebastião não era alguém que pretendesse combater até à última
            gota de sangue. Este passo mostra pelo menos que o rei queria
            escapar vivo ao combate.

            “Luiz de Brito voltando os olhos para o caminho que el-rei tomara o
            vio hir hum pedão desviado, já sem haver mouro algum que o seguisse,
            nem apareceram outros adiante, que tão prestes o pudessem encontrar,
            pera lhe impedir o caminho que levava, que era mui distante do lugar
            aonde depois dizião que o acharão morto.” O cronista cita uma
            testemunha ocular que viu o rei afastar-se da batalha e
            distanciar-se do inimigo, mas mais importante é a referência da
            distância que medeia entre este último avistamento e o local onde
            segundo o cronista “dizião que o acharão morto”. O cronista insinua
            aqui que não crê que o cadáver encontrado e o corpo do rei fossem um
            só. Se o faz numa obra “oficial”, facilmente se deduz qual o
            espírito reinante entre aqueles que tinham acompanhado o monarca na
            Campanha de África.

            É sugestivo o relacionamento deste depoimento com o episódio do
            “embuçado de Arzila”. Foi este o caso que na noite seguinte ao
            combate foram bater à porta da fortaleza fugitivos portugueses,
            pedindo entrada. A recusa ou hesitação dos de dentro foi vencida
            ante a declaração de estar ali El-Rei D. Sebastião (que seria o
            embuçado) conseguindo assim entrarem na praça de Arzila.

            Foi dito que dali D. Sebastião passou a um barco da esquadra que
            levantou ferro com destino à costa de Portugal. Pode tratar-se de
            apenas uma lenda, e mesmo que relate factos reais pode tratar-se de
            um grupo de fugitivos que para entrarem dentro das muralhas
            inventaram o embuste. Seja como for, D. Sebastião não chegou com
            toda a certeza a Portugal, nenhum dos que afirmaram ser o Desejado,
            como o “rei de Penamacor”, um noviço carmelita; o “rei da Ericeira”,
            um tal de Mateus Álvares; nem Gabriel de Espinosa, apresentaram
            provas definitivas de o serem. Quanto a Marco Túlio Catizone, muito
            embora Oliveira Marques negue liminarmente que fosse o monarca
            desaparecido, a verdade é que os textos que citamos mais abaixo nos
            transmitiram outra idéia.

            Foi no ano de 1597 que chegou a Veneza um português que dizia ser o
            “Cavaleiro da Cruz” e que viria a dar muito que falar. Eis a sua
            história contada por ele próprio, a pedido dos poucos portugueses
            residentes na cidade que com ele logo contactaram. Demoradamente
            instado, o “Cavaleiro da Cruz” acabou por declarar ser D. Sebastião,
            e assim relatou o seu drama. Disse que, embora ferido, conseguira
            salvar-se, tendo sido acompanhado pelo duque de Aveiro, pelos condes
            de Redondo e de Sortelha, por Cristovão de Távora e ainda por outro
            fidalgo; que embarcara num navio em Arzila, que o conduziu ao
            Algarve; que não quis dar-se a conhecer “por lhe custar mais a
            afronta da derrota do que a perda do Trono, tendo resolvido correr o
            mundo com os seus companheiros”.

            Nas nossas investigações não conseguimos determinar quais os nobres
            aqui referidos, mas o facto de um grupo acompanhar o rei concorda
            com a lenda do “embuçado de Arzila”, assim como concorda o seu
            embarque nessa praça. Por outro lado, não é suspeito o facto destes
            nobres da alta nobreza acompanharem o monarca, visto que não seria
            provável que estes nobres tivessem abandonado o rei em alguma
            ocasião, excepto em caso de morte ou de impossibilidade absoluta;
            como o cronista refere que ele se “afastou” podemos crer que se
            afastou sozinho, mas essa seria uma leitura precipitada: com efeito,
            o grupo que comandou do exército, segundo a “Crónica de D.
            Sebastião” nunca deixou o monarca, e esse mesmo grupo pode ter
            acompanhado o rei no exílio.

            O monarca teria entrado nalgumas guerras contra os infiéis no
            oriente da Europa e na Ásia, recebendo vários ferimentos e
            tencionando por fim recolher-se em penitência a um ermitério em
            companhia de um santo homem que por lá conhecera, e acabar aí a
            vida. Tendo confidenciado com o velho eremita a sua identidade, foi
            aconselhado por este a regressar à pátria. Resolveu então ir a Roma
            expôr a sua situação ao Papa. Como a sua estadia em Veneza tomasse
            proporções de relevo, imediatamente se pôs em acção o embaixador do
            rei de Espanha pedindo ao Doge a prisão do “Cavaleiro da Cruz” a
            pretexto de ser mais um falsário.

            Em 1599, partindo de Roma, onde residia, e constando-lhe o que se
            passava, vai a Veneza o dominicano Frei Estevão de Sampaio com o fim
            de saber se o “Cavaleiro da Cruz” seria realmente D. Sebastião.
            Debalde o tentou porque, estando em Veneza, não lhe foi permitido
            avistar-se com o prisioneiro, mantido incomunicável. Em resultado
            vem a Portugal para obter os sinais físicos de identificação do
            soberano, que lhe pediram, o que conseguiu do notário Tomé da Cruz.

            Regressando à cidade dos doges foi de novo impedido de ver o
            prisioneiro português em resultado dos impedimentos conseguidos pelo
            embaixador de Espanha, sempre muito activo neste caso. Movimentando
            cortes estrangeiras e implorando a ajuda da Igreja, volta a Roma,
            depois de novo a Veneza, para no fim de constantes recusas visitar
            em segredo o prisioneiro por especial favor do Doge.

            A conclusão a que chegou Frei Estevão de Sampaio e que consta da
            carta dirigida ao Padre José Teixeira (protegido de Henrique IV de
            França) é que os sinais se verificavam exactamente no misterioso
            prisioneiro. Transcrevemos a carta:

            “o rei de Portugal está detido, como prisioneiro nesta cidade, há
            vinte e dois meses, por um julgamento secreto de Deus, que permitiu
            que tenha chegado aqui pobre, por ter sido roubado, mas esperando
            encontrar auxílio nesta república. O embaixador de Castela
            persegui-o vivamente persuadindo a Senhoria de que é um ladrão
            calabrês, o que ele prometia provar e imediatamente procedeu contra
            ele, conforme as informações do embaixador. Tem-no sepultado na
            prisão, sem o deixar ver nem o querer soltar, nem fazer algum acto
            de justiça… Juro-lhe, pela Paixão de Jesus Cristo, que ele é tão
            verdadeiramente o rei D. Sebastião como eu sou o Frei Estevão. Se
            isto não é assim, eu seja condenado não somente por mentiroso, mas
            por renegado, blasfemador e herético. Fiz grandes diligências em
            Portugal por este motivo. Fui lá e regressei. Soube secretamente que
            dos dezasseis sinais que tinha no seu corpo desde a infância, de que
            trouxe certificado autêntico de Portugal, ele os tem todos, sem
            falhar algum e sem contar as cicatrizes das feridas da batalha. ”

            De vital importância para este trabalho é esta carta. Na época, além
            do conhecimento pessoal, também se recorria ao método dos sinais.
            Tamanha coincidência não parece crível, e o facto de frei Estevão de
            Sampaio ter observado as cicatrizes no corpo do preso mostra que não
            se tratava de um simples embustor, mas de alguém que tinha
            combatido. Tais cicatrizes não as deve ter ganho na fatídica
            batalha, mas nas peregrinações no Oriente, pois a “Crónica de D.
            Sebastião” não refere que o rei tenha sido ferido antes de ter
            fugido do campo de batalha. Por outro lado, o espírito de cruzada
            era forte na alma do monarca e não surpreende que depois de
            humilhado pela derrota tenha aliviado a sua consciência combatendo
            os muçulmanos no Oriente.

            O certo é que ao fim de muitas tentativas de julgamento, e em
            consequência de 27 interrogatórios minuciosos a que foi sujeito, o
            senado da República de Veneza, convencido de que se tratava
            realmente do infortunado rei de Portugal, limitou-se inesperadamente
            a soltá-lo na noite de 15 de Dezembro de 1600 mas, receoso de
            complicações com o poder castelhano, pôs-lhe a condição de abandonar
            a cidade no prazo de 24 horas e os limites da República Veneziana no
            prazo de 3 dias. Se fosse um impostor e dado o peso de Espanha junto
            de Veneza, não parece crível que tivesse sido solto e muito menos
            que tivesse merecido 27 interrogatórios.

            Da cidade adriática passou disfarçado para Itália, o que não o
            livrou de voltar a estar preso em Florença e Nápoles, sempre sob a
            perseguição de Madrid. “O conde de Lemos, vice-rei de Nápoles, teve
            com ele largas conferências, em que falaram das maiores
            particularidades relativas a duas embaixadas com que Filipe II o
            enviara a D. Sebastião. O conde ficou tão crente que ele era o
            próprio rei, que lhe suavizou muito a prisão, e à hora da morte
            disse a seu filho e sucessor: “Declaro que este homem é o verdadeiro
            Sebastião rei de Portugal”.”

            Continuemos a transcrever, agora o seguinte e extraordinário
            episódio:
            “O duque e a duqueza de Medina Sidonia quiserão vê-lo; e depois de
            larga conversação, Sebastião perguntou ao duque se ainda possuia uma
            espada que lhe dera quando passou a África. (…) O rei D. Sebastião,
            respondeu o duque, deu-me uma espada, que eu ainda conservo.” E
            dizendo que a reconheceria, posto que fossem passados vinte e quatro
            anos, o duque mandou trazer doze espadas, as quais assim que D.
            Sebastião viu, disse que não vinha ali. O duque mandou trazer mais
            algumas, e tanto que D. Sebastião para ellas olhou, logo apontou
            para a mesma. “À duquesa, sua prima, perguntou Sebastião se ainda
            tinha o anel que lhe dera. A duqueza lho mostrou, elle o reconheceu
            e disse: “Este anel tem debaixo da pedra gravado o meo nome. Foi
            desencravado e achou-se efectivamente o que Sebastião dissera.”

            A par destes curiosos episódios de identificação temos os dos Três
            Breves Pontifícios, de sucessivos três Papas. O primeiro é de
            Clemente VIII datado de 1598 e reza assim:

            “Clemente VIII, por divina providência servo dos servos de Deus:
            Saúde e paz em Jesus Christo Nosso Senhor, que de todos é verdadeiro
            remédio e salvação: Fazemos saber a todos os nossos filhos
            caríssimos, que debaixo da protecção do Senhor vivem com fervosa fé,
            em especial aos do reino de Portugal, que o nosso mui amado filho D.
            Sebastião Rey de Portugal se apresentou pessoalmente n`esta Cúria
            Romana no Sacro palácio, fazendo-nos com muita instância e supplica
            o mandassemos meter na posse do seu reino de Portugal pois era o
            verdadeiro e legítimo Rey d`elle; que por peccados seus e juiso
            divino se perdera em África indo peleijar com El Rey Maluco na campo
            de Alcácere Quibir, e até agora estivera oculto e não quizera dar
            conta de si por meter tempo em meio dos males que succederam por seu
            conselho, e que para justificar ser o próprio estava prestes para
            dar toda a satisfação que lhe fosse pedida: E considerando nós o
            cazo, como somos juiz universal entre os príncipes cathólicos,
            mandamos por conselho dos cardeaes em conclave que apparecesse; e,
            feito, se fez examinar com muita miudeza como convinha a tal cazo de
            que se fizeram processos em várias naçons e no dito Reyno de
            Portugal por pessoas qualificadas, assim dos signaes do seu corpo,
            como de outros mais miudos do seu reino, ajunctando as partes por
            onde andou, e de sua vida e costumes, como outras particularidades
            importantes para a verdade ser mui claramente sabida, não nos fiando
            por uma só vez, mas por muitas, e por pessoas constituidas em
            dignidade sacerdotal, e por seculares titulares, do que se fizeram
            os processos que no Archivo desta curia se pozeram, e que uns e
            outros se conferiram a 23 de Dezembro de 1598.”

            O segundo Breve é do Papa seguinte, Paulo V, sentenciado 19 anos
            depois de Clemente VIII, e que copiamos:

            “Paulo V, Bispo de Roma, servo dos servos de Deus: Ao nosso mui
            amado filho Phelipe III. Rei de Hespanha, Saúde em Jesus Christo
            Nosso Senhor, que de todos é verdadeiro remédio e salvação: fazemos
            saber que por parte de El Rey D. Sebastião, que se dizia ser de
            Portugal, nos foi apresentada uma sentença Appostólica de nosso
            antecessor Clemente outavo, de que constou estar julgado pelo
            verdadeiro Rey e legítimo de Portugal, nos pedia humildemente
            mandássemos por nosso Núncio assim o declarasse para effeito de se
            lhe dar a posse pacifica; mandamos a vós Philipe III, Rey de
            Hespanha, em virtude da sancta obediência que dentro de nove mezes,
            depois da notificacão d’esta, largueis o dito Reyno de Portugal a
            seu legítimo successor D. Sebastião mui pacificamente sem efusão de
            sangue e sob pena de excommunhão maior lata sentêntia da maneira que
            está julgada: Dada em esta Cúria Romana sob o signal do Pescador a
            17 de Março de 1617.

            Terceiro Breve, do Papa Urbano VIII, este 32 anos depois do
            antecedente. D. Sebastião teria 76 anos de idade quando por esta
            última vez reclamou os seus direitos em Roma. Eis o texto do Breve:

            “Urbano VIII por Divina Providência Bispo de Roma, Servo dos Servos
            de Deus. A todos os arcebispos e Bispos e pessoas constituidas com
            dignidade que vivem debaixo do amparo da Igreja Cathólica, em
            especial aos do Reyno de Portugal e suas conquistas, saúde e paz em
            Jesus Christo nosso Salvador que de todos é verdadeiro remédio e
            salvação: Fazemos saber que por parte do nosso filho D. Sebastião
            Rey de Portugal nos foi aprezentado pessoalmente no Castello de
            Sancto Angelo duas sentenças de Clemente Outavo e Paulo Quinto
            nossos antecessores, ambas encorporadas, em que constava estar
            justificado largamente ser o próprio Rey e nesta conformidade estava
            sentenciado para lho largar Felipe III Rey de Hespanha, ao que não
            quiz nunca satisfazer; pedindo-nos agora tornassemos de novo a
            examinar os processos, e constando ser o próprio o mandassemos com
            effeito investir da posse do Reyno. Dada em esta Cúria Romana sob o
            signal do Pescador aos 20 de Outubro de 1630.”

            E então o testemunho de D. João de Castro (o neto do grande Vice-Rei
            da India) sobre o prisioneiro de Veneza? “Eu me obrigo desde aqui e
            respondo pelo Altíssimo até o fazer bom com todo o tormento em meu
            corpo como é verdade que é aquele Preso o verdadeiro Rei de Portugal
            Dom Sebastião.”

            Pelo que acima escrevemos, pelos documentos que citamos ficou-nos
            uma forte convicção de que o prisioneiro de Veneza seria de facto o
            rei português.

            De especial peso temos os três Breves dos três papas e o ocorrido
            com o Conde de Lemos. Vimos como o rei quis fugir da batalha, vimos
            como o pode ter feito, e mencionamos a lenda do seu embarque em
            Arzila para a costa do Algarve. Vimos também como são numerosas as
            provas que indicam tratar-se realmente do nosso monarca
            desaparecido, desde a semelhança física, à presença de todos os
            sinais do monarca, a identificação da espada de entre doze outras, e
            o ainda mais convincente episódio do anel, são as provas que
            convenceram o tribunal veneziano, Frei Estevão Sampaio, o Conde de
            Lemos, e acima de tudo, os três Papas; estes últimos estavam na
            posse de todos os dados, de todos os inquéritos e reuniam toda a
            informação reunida pelos restantes. Foi justamente na posse destes
            dados que emitiram estes Breves.

            Conforme vimos, tudo indica que se tratasse efectivamente do nosso
            monarca desaparecido. Após três anos de permanência em Itália, o
            pretendente ao trono português acabou por ser aprisionado por
            agentes de Espanha e pouco depois executado juntamente com alguns
            dos partidários que conseguira reunir à sua volta.

            Seria esta a segunda morte de el rei D. Sebastião...
            (Autoria desconhecida)



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                  Puestos estan frente a frente (letra completa)Aug 21, '06 4:18
                  PM
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            Puestos estan frente a frente
            Los dos valerosos campos,
            Uno es del Rey Maluco,
            Otro de Sebastiano
            El Lusitano.

            Moço, animoso y valiente,
            Robusto, determinado
            Aunque de poca experiencia
            Y no bien aconsejado,
            El Lusitano.

            Brama que envistan los moros
            Y el exército contrário
            Ya se vá llegando cerca
            Aellos! Dize Santiago,
            El Lusitano.

            Dispara la artilheria,
            La nuestra mal disparando
            Llueven balas, llueve muerte,
            Saetas y mosquetazos.
            El Lusitano.

            Que por los lados ya todos
            Es vanguardia nuestro campo
            Y con sangre de los muertos,
            Está echo un gran lago.
            El Lusitano.

            Todo lo anda el buen Rey,
            Dando muertes muy gallardo,
            La espada tinta de sangre,
            Lança rota, sin cavallo.
            El Lusitano.

            Que el suyo passado el pecho
            Ya no puede dar un passo,
            A Jorge D’Albuquerque pide
            Le dè su rucio rodado.
            El Lusitano.

            Daselo de buena gana,
            Y el Rey cavalga de un salto,
            Mirale el Rey como jaze,
            De espaldas casi espirando.
            El Lusitano.

            Mas le dize que se salve,
            Pues todo es roto en pedaços,
            Y el Rey se vá a los moros,
            A los moros Sebastiano.
            El Lusitano.

            Busca la muerte en dar muertes,
            Sebastiano el Lusitano,
            Diziendo ahora es la hora,
            Que “Un ben morir, tutta la vita honora”.

            (Anônimo, Século XVI)

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                  Sobre a nossa 'Folia': Não tragais borzeguis pretosAug 21, '06
                  2:33 PM
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            O Vilancete "Naõ tragais bourzeguis pretos”, de autor anônimo, é
            proveniente de um dos mais volumosos cancioneiros poético-musicais
            portugueses, guardado na Bliblioteca da Escola Superior das Belas
            Artes de Paris (F-Pba, Ms. 56; CMBP, ff. 129v-130, n.º 127). Escrito
            a três vozes (S1, S2 e T) foi construído sobre o célebre baixo
            ostinato da Folia. É provável que o texto deste vilancete (tb.
            aparece escrito com a grafia vilançete) seja alusivo às pragmáticas
            anti-sumptuárias de 1566 ou 1570, implementadas durante o reinado de
            D. Sebastião (1554-1578).

            Segundo a opinião abalizada do eminente tratadista espanhol
            Francisco Salinas (1513-1590), lê-se na sua monumental obra, De
            musica libri setpem (Salamanca, 1577), que a Folia, dança-cantada de
            origem popular (entenda-se como oriunda de uma classe social não
            cortesã), é de proveniência portuguesa: "...ita et ultima in eadem
            desinat, ut ostenditur in vulgaribus quas Lusitani Follias vocant,
            ad hoc metri [ypercatalecticis] genus et ad hunc canendi modum
            institutis, qualis est illa, cujus cantus usitatus est..." (as
            canções populares que os portugueses chamam Folias, compostas
            segundo este metro [hipercataléptico] cuja melodia é...).

            De qualquer modo, não se deve confundir este baile-cantado com o
            esquema harmônico-melódico de origem italiana com que foram
            elaboradas as primeiras Folias que nos chegaram, anotadas nos
            cancioneiros musicais espanhóis, a partir de 1500 (do qual o nosso
            vilancete é um importante mas isolado testemunho). É interessante
            também notar que as primeiras citações desta dança se devem ao nosso
            Gil Vicente (fl. 1502-1536), nomeadamente, entre outras, na
            tragicomédia Templo d'Apolo, representada na partida "da sacra e
            preclaríssima emperatriz", D. Isabel de Portugal (1503-1539; filha
            de D. Manuel I e de D. Maria), quando casou, em 1526, com o
            Imperador Carlos V:

            "Ordenaram-se todos os Romeiros em folia e cantaram a cantiga
            seguinte:
            Cantadme por vida vuestra
            en portuguesa folía
            la causa de su alegría
            y vere deso la muestra
            y veréis la gloría mía."

            No minucioso relato que Giovanni Battista Venturino nos deixou da
            viagem que o Legado do papa Pio V, o Cardeal Alexandrino, fez a
            Espanha e Portugal na década de 1571, descreve esta dança que se
            executou em Elvas, nos seguintes moldes:

            "La follia, era di otto huõi vestiti alla Portughesi, che con
            cimbalo et cifilo accordati insieme, batendo con sonaglie à piedi,
            festiggiando intorno à uno tamburo cantando ir lor lingua versi
            d'allegrezza, ch'io tengo appresso di me, nom m'essendo parto
            convenir alla gravità il metterli apunto come soli se ragiravano,
            rallegrandosi con enniuno con l'altro dell'entrata del legado, verso
            il quali si volgevano sempre [...]".

            Descrição muito semelhante em muitos aspectos à supra citada de
            Venturino, vamos encontrar em Sebastián Covarrubias (1539-1613), no
            seu Tesoro de la Lengua Castellana (Madrid, 1611) o seguinte:

            "FOLIA, es una cierta dança Portuguesa, de mucho ruido; porque
            resulta de ir muchas figuras a pie con sonajas y otros instrumentos,
            llevan unos ganapanes disfraçados sobre sus ombros unos muchachos
            vestidos de donzellas, que con las mangas de punta van haziendo
            tornos, y a vezes bailan. Y tambien tañen sus sonajas: y es tan
            grande el ruido, y el son tan apressurado, que parecen estar los
            unos y los otros fuera de juizio: y assi le dieron a la dança el
            nombre de folia de la palabra Toscana, Folle, que vale vano, loco,
            sin seso, que tiene la cabeça vana."

            Do baile-cantado renascentista, escrito sobre o modo maior, métrica
            de pulsação ternária e tempo vivo, passa, no período barroco, a uma
            dança estilizada, puramente instrumental, composta em tom menor,
            tocada com um andamento lento e cerimonioso.

            Bibliografia:




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D. SEBASTIÃO:



DOMINGO, 22 DE ABRIL DE 2007


Mensagem - análise do poema "D. Sebastião"

Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?


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Os Lusíadas vs. A Mensagem
"D. Sebastião O Desejado"
 
D. Sebastião (20 de Janeiro de 1554 — 4 de Agosto de 1578), foi o 16º Rei de Portugal, e o sétimo da Dinastia de Avis. Era neto do rei João III, tornou-se herdeiro do trono depois da morte do seu pai, o príncipe João de Portugal duas semanas antes do seu nascimento, e rei com apenas três anos, em 1557. Em virtude de ser um herdeiro tão esperado para dar continuidade à Dinastia de Avis, ficou conhecido como O Desejado; alternativamente, é também lembrado como O Encoberto ou O Adormecido, devido à lenda que se refere ao seu regresso numa manhã de nevoeiro, para salvar a Nação.
Durante a sua menoridade, a regência foi assegurada primeiro pela sua avóCatarina da Áustria, princesa de Espanha, e depois pelo tio-avô, o Cardeal Henrique de Évora. Neste período Portugal continuou a sua expansão colonial emÁfrica e na Ásia, onde se adquiriu Macau em 1557 e Damão em 1559. O jovem rei cresceu educado por Jesuítas e tornou-se num adolescente de grande fervor religioso, que passava muito tempo em jejuns e o resto em caçadas. D. Sebastião desenvolveu uma personalidade mimada e teimosa, dada a sua posição de rei, aliada à convicção de que seria o capitão de Cristo numa nova cruzadacontra os Mouros do Norte de África. As lutas que entretanto se verificaram emMarrocos, como a defesa de Mazagão, levavam-no a pensar em futuras acções em África.
Assim que obteve a maioridade, D. Sebastião começou a preparar a expedição contra os marroquinos da cidade de FezFilipe II de Espanha recusou participar naquilo que considerava uma loucura e adiou o casamento de D. Sebastião com uma das suas filhas para depois da campanha. O exército português desembarcou em Marrocos em 1578 e ignorando os conselhos dos seus generais, D. Sebastião rumou imediatamente para o interior. Na batalha de Alcácer-Quibir, os portugueses sofreram uma derrota humilhante às mãos do sultão Ahmed Mohammed de Fez e perderam uma boa parte do seu exército. Quanto a D. Sebastião, provavelmente morreu na batalha ou foi morto depois desta terminar. Mas para o povo português de então o rei havia apenas desaparecido. Este desastre tem as piores consequências para o país, colocando em perigo a sua independência. O resgate dos sobreviventes ainda mais agravou as dificuldades financeiras do país.
Ele tornou-se então numa lenda do grande patriota português – o "rei dormente" (ou um Messias) que iria regressar para ajudar Portugal nas suas horas mais sombrias, uma imagem semelhante à do Rei Artur tem em Inglaterra.
D. Sebastião foi um rapaz frágil, um resultado de casamentos entre a mesma família desde várias gerações. Por exemplo, ele só tinha quatro bisavós (em vez dos normais 8), e todos eles descendentes do Rei D. João I. Havia casos de demência na família (a sua bisavó foi a rainha Joana, a Louca, de Espanha).
Em conclusão, a Dinastia de Avis, popular entre o povo após ter guiado Portugal à sua época de ouro, acabou por submergir na busca de um sonho: a União Peninsular. As mesmas complicações causadas pela procriação consanguínea causaram as mortes das crianças de D. João III e Catarina de Áustria e a loucura e desespero dos seus netos (Sebastião e Carlos), os últimos príncipes deAvis-Habsburgo.


Os Lusíadas


Canto I

6

E vós, ó bem nascida segurança
Da Lusitana antígua liberdade,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade;
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Para do mundo a Deus dar parte grande;
18

Mas enquanto este tempo passa lento
De regerdes os povos, que o desejam,
Dai vós favor ao novo atrevimento,
Para que estes meus versos vossos sejam;
E vereis ir cortando o salso argento
Os vossos Argonautas, por que vejam
Que são vistos de vós no mar irado,
E costumai-vos já a ser invocado.

Canto X
146
E não sei por que influxo de Destino
Não tem um ledo orgulho e geral gosto,
Que os ânimos levanta de contino
A ter pera trabalhos ledo o rosto.
Por isso vós, ó Rei, que por divino
Conselho estais no régio sólio posto,
Olhai que sois (e vede as outras gentes)
Senhor só de vassalos excelentes.
155
Pera servir-vos, braço às armas feito,
Pera cantar-vos, mente às Musas dada;
Só me falece ser a vós aceito,
De quem virtude deve ser prezada.
Se me isto o Céu concede, e o vosso peito
Dina empresa tomar de ser cantada,
Como a pres[s]aga mente vaticina
Olhando a vossa inclinação divina,

156
Ou fazendo que, mais que a de Medusa,
A vista vossa tema o monte Atlante,
Ou rompendo nos campos de Ampelusa
Os muros de Marrocos e Trudante,
A minha já estimada e leda Musa
Fico que em todo o mundo de vós cante,
De sorte que Alexandro em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter enveja.

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PROVÁVEL ELMO DE D. SEBASTIÃO:








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http://www.youtube.com/watch?v=KFjCQA4-Qks

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http://www.areamilitar.net/HistBCR.aspx?N=71%20



O dia 4 de Agosto marca o maior desastre da história militar portuguesa, não só pelo número de militares envolvidos mas também pelas consequências trágicas que teve. A batalha de Alcácer Quibir (ou batalha dos três reis) marca o principio do fim da II dinastia portuguesa e do período do império português da Índia e é o prenuncio de um período de 60 anos em que o reino de Portugal foi governado por um monarca estrangeiro.

Tendo sido decidido atacar o norte de África para tentar aliviar a pressão que se fazia sentir sobre as fortalezas portuguesas, começou a formar-se um exército sem grande pressa o qual era constituída por um total de 17.000 homens, dos quais 5.000 eram mercenários estrangeiros. A armada parte de Lisboa a 25 de Junho de 1578, faz escala em Cadiz e aporta a Tanger, seguindo depois para Arzila.

Aqui é cometido o primeiro erro crasso, pois a tropa é mandada seguir a pé de Arzila para Larache[1], quando o percurso poderia ser feito por via marítima.

A partir de Larache, a força afasta-se da costa em direcção a Alcácer Quibir.
Há que notar que no século XVI, grande parte das vitórias portuguesas dá-se na zona costeira, onde é possível fazer valer a vantagem do poder de fogo dos navios de guerra portugueses. Longe dos navios e enfrentando no calor de uma zona quase desértica um exército superior em numero e combatendo no seu território, as cautelas deveria ser muito maiores que as que foram.



O rei recusou-se terminantemente a ouvir os conselhos dos capitães mais experientes, que achavam que o exército se devia manter próximo dos canhões dos navios, alguns dos comandantes perante o absurdo da decisão chegam a falar em prender o rei, para o impedir de cometer tal loucura.

As forças muçulmanas, entendiam muito bem que não poderiam enfrentar os portugueses próximo da costa, e não avançaram em direcção a norte, preferindo que fossem os portugueses a tomar a iniciativa.

Por decisão do rei, o exército parte finalmente em direcção a sul afastando-se da costa.

Quando a 4 de Agosto as forças portuguesas encontram o exército mouro, encontram-se em marcha à já sete dias e perante eles está um exército de forças muçulmanas que segundo algumas referências atinge 60.000 homens ultrapassando os portugueses numa proporção de quatro para um.

Na primeira fase dá-se um ataque de arcabuzeiros seguido de uma carga de cavalaria ligeira moura, forçando logo as primeiras linhas portuguesas a recuar de forma desordenada. O exército cansado e extenuado reagiu mal ao um recuo inesperado gerando-se uma enorme confusão quando a primeira linha recua e se funde com as tropas na retaguarda.

A resposta portuguesa foi rápida mas pouco eficiente. No que parece ter sido uma tentativa para desarticular o ímpeto do ataque muçulmano, uma força portuguesa, aparentemente de cavalaria penetra as linhas das forças muçulmanas, mas são subjugados pelos números, e completamente cercados.

Metade do efectivo das forças portuguesas morre na batalha e a outra metade é feita prisioneira.

Muito poucos voltam.

O rei, terá alegadamente morrido na batalha, e a sua morte ficou envolvida num mistério que perdura, mesmo séculos depois.

A morte do rei, sem herdeiros, levou a uma crise dinástica, em que o trono foi ocupado pelo cardeal D. Henrique. Durante o período de dois anos até à morte de D. Henrique, o monarca reinante da Casa de Áustria, o Habsburgo Filipe II, gastou enormes quantias de dinheiro subornando parte da nobreza portuguesa para apoiar as suas pretensões ao trono de Portugal tendo finalmente - em nome dos seus direitos como neto do rei D. Manuel I - sido declarado rei de Portugal pelo colégio de cinco governadores instituído pelo cardeal-rei após a sua morte em 1580.

Portugal, embora mantendo a sua independência formal dentro dos vários reinos da Casa de Áustria, entregava a sua politica externa nas mãos de um rei estrangeiro. A decadência que já se fazia sentir em meados do século XVI não foi interrompida, e em 1640 o reino voltaria a separar-se da dinastia austríaca.

[1] Em Larache será erguida uma fortaleza, cuja construção é iniciada em 1578, utilizando-se o trabalho dos prisioneiros portugueses